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segunda-feira, fevereiro 02, 2004

Petição. Maria do Carmo Vieira é a professora que denunciou a existência de manuais do ensino secundário onde se recorre ao regulamento do «Big Brother» para ensinar a nossa língua. Agora, lançou na Internet uma petição «em defesa do ensino do português» que pode ser assinada em www.thepetitionsite.com/takeaction/248783113.
Correio-e. Qualquer contacto com o Tempos Modernos pode ser feito para o endereço de correio electrónico temposmodernos@mail.pt.

sexta-feira, janeiro 30, 2004

Os bloguistas têm deveres, ou só direitos? A pergunta merece debate, o leitor não acha? A polémica, parece que encerrada, entre João Pedro Henriques, jornalista do «Público», e Oscar Mascarenhas, da Agência Lusa e presidente do Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas, lança várias questões. Tudo a propósito do Blog «Possibilidade do Sentir», que chegou a ser apresentado com pertencendo à Anabela Mota Ribeiro, e ao que parece não é.


João Pedro Henriques escreveu o que se segue no blogue «Glória Fácil»:
Um homem e as suas ilusões (um apelo desesperado)
CARTA ABERTA A ANABELA MOTA RIBEIRO


Cara Anabela

A revelação de que há um blog que se apresenta como seu, chamado Possibilidade do Sentir, foi, sem dúvida, o acontecimento blogosférico da semana, para não dizer do mês, ou mesmo (para já) do ano. Para ter a noção do vergonhoso regabofe em curso basta ir ao Technorati, que agora até tem uma versão que funciona. Digo-lhe, com esta memória de séculos que me tortura, que só vi semelhante excitação quando nasceu aquele blog sobre o processo Casa Pia de nome impronunciável.

Bem, serve este piqueno intróito para lhe dizer, com toda a sinceridade do mundo, que aprecio muito o seu trabalho. Ou melhor: sempre gostei bastante de ler as suas entrevistas no DNA do «Diário de Notícias». Falo muito a sério. Não me pergunte porquê - levava-me muito tempo a explicar e portanto o melhor é resumir o elogio num sentido «enfim, gosto» e ponto final.

Quanto ao seu trabalho na 2: (ou 2; ou 2! ou 2... ou 2? ou lá como aquilo se chama), permita-me que não comente. Eu e aquele moço conhecido por Emplastro somos os únicos dois portugueses ainda sem uma opinião formada sobre o «novo» canal, pelo que não me levará a mal que não diga nada.

Adiante. Queria apenas dizer-lhe que gosto do seu trabalho, pelo menos daquele que conheço. Ou seja, criei uma imagem sua, simpática por sinal. E, como a Anabela bem sabe, um homem é ele e as suas ilusões. É óbvio que não podemos viver só de ilusões mas temos que manter uma margem mínima, não acha?

Ora acontece que o blog que lhe é atribuído representa um terramoto de grau 85 (escala de Richter) na imagem que eu tinha de si. De há uns dias para cá que não penso noutra coisa. A vida tornou-se-me muito desconfortável, garanto-lhe. Deste desconforto nasce esta carta aberta - que é, como o título indica, um apelo desesperado.

Como esta carta já vai longa (pelo menos na lógica blogosférica) revelo-lhe, de imediato, o apelo: garanta-me que aquele blog não é seu!Nem que esteja a mentir, isso não me interessa nada! Eu prefiro essa pequena mentira à dor de saber que a Anabela passa noite a «ler» a Odisseia em grego (apesar de desconhecer a língua) ou que discute com a Bárbara Guimarães a «maternidade como materialização da essência do «ser-se mulher» traduzida de forma tão sublime num par de ovários, em alguns centímetros de trompa e num útero sempre tão ensimesmado», para já não falar do episódio Malkovich.

Aquilo, a Possibilidade do Sentir, parece-me uma cruel caricatura de si. Safe-se a tempo: diga que foi um brincalhão, que não tem nada a ver com a coisa. Depois, se quiser, comece tudo de novo. Peça a alguém da sua confiança que lhe faça um blog. E que lho escreva.

(Ainda) com consideração
João Pedro Henriques
# posted by JPH @ 12:06
Janeiro 22, 2004

Indignado Oscar Mascarenhas, escreveu o mail que se segue ao João Pedro Henriques:
João Pedro Henriques:
Não sei como te dizer, meu camarada de profissão, a repulsa que me causou teres participado no apedrejamento miserável («Um homem e as suas ilusões - Um Apelo Desesperado, Carta Aberta aAnabela Mota Ribeiro») contra Anabela Mota Ribeiro. Mais do que participar, deste em instigador: sabes muito bem (percebe-se pelo teu texto) que um ou mais canalhas anónimos organizaram um blogue EM NOME de Anabela Mota Ribeiro e propõem uma chicana de matilha contra ela. Sabes, mas apeteceu-te, com sinuosidades retóricas de seminarista em treino para padreca safado, dar-lhe fel e vinagre, jurando ser água.
Desceste muito baixo.
Um dia teremos de ter, para a defesa do consumidor destes e-diálogos, um código de ética e de autenticidade dos blogues, quando não estaremos a dinamitar por dentro o que deveria ser um espaço de dignidade e de cidadania. Mas tu já te auto-excluiste desse debate: procuraste, de facto, a glória fácil, mas de um modo rasteiro.
Oscar Mascarenhas
Em tempo: nunca falei com Anabela Mota Ribeiro, não sou seu admirador nem detractor, nunca tive a curiosidade de lhe ler as entrevistas, desgostaram-me uns escritos supostamente eróticos e efectivamente grotescos e enjoativos que produziu há uns anos, com a benesse de editores lobos-maus salivantes a cair da tripeça, e ódio-inveja com fachada de desprezo de contemporâneos dela. Ou seja, até prova em contrário, não tenho nada que me motive para sair em defesa de Anabela Mota Ribeiro. A não ser a decência de recusar ver, sem protesto, alguém cercado por uma mafia supostamente intelectual mas invertebrada que a quer destruir mas que não deixa saber quem o quer e porquê.
P.S: É escusado dizer-te que não tenho a mínima dúvida de que publicarás, na íntegra, este meu protesto lá no teu blogue.
O.M.

O que se segue é a resposta a Oscar Mascarenhas que João Pedro Henriques publicou no seu blogue:
Resposta a um mail de um certo «Oscar Mascarenhas»
Alguém que se apresenta como chamando «Oscar Mascarenhas» escreveu-me um mail sobre o «caso Anabela Mota Ribeiro» (AMR) pensando que eu sou mesmo o JPH que ele conhece, o que não confirmo nem desminto.

O alegado «Oscar Mascarenhas» zurze-me violentamente («desceste muito baixo», escreveu-me ele) por ter «participado» e mesmo «instigado» o «apedrajamento miserável» da Anabela Mota Ribeiro, recorrendo a »sinuosidades retóricas de seminarista em treino para padreca safado».

Até garante que quando eu escrevi o «apelo desesperado» (ler uns ‘posts’ abaixo) já sabia, com toda a certeza, que a Possibilidade do Sentir não era da AMR. Este «Oscar» não está, obviamente, em condições de garantir seja o que for sobre o que eu sabia ou não. A isto chama-se processo de intenção. Ou então, tentando eu imitar a retórica oscariana (que conheço bem), uma carapauzisse de corrida.

Não sei se este «Oscar Mascarenhas» é o mesmo com quem em tempos trabalhei no Diário de Notícias. Percebi, pelo conteúdo do mail, que é alguém apostado em dar cabo dos encantos e riscos da blogosfera. Isto porque defende a sua subordinação a «códigos de ética e de autenticidade» para que continue a ser – reparem agora neste insuportável esquerdalhês - «um espaço de dignidade e de cidadania».

O mail deste so called «Oscar Mascarenhas» acaba com uma esperteza saloia (o que, aliás, me faz pensar que se este «Oscar» não é o verdadeiro é pelo menos uma imitação muito boa). Passo a citar: «É escusado dizer-te que não tenho a mínima dúvida de que publicarás, na íntegra, este meu protesto lá no teu blogue.» Tivesse ele evitado esta «sinuosidade retórica de seminarista em treino para padreca safado» até lhe teria publicado, na íntegra, o dito «protesto». Assim não.

Mas esta intimação prova que este «Oscar» de blogosfera não percebe nada. Quem quer escrever «protestos» pode obviamente dirigir-se a quem lhe deu motivo para isso. Quem os recebe pode ou não publicá-lo. Mas quem os escreve também pode fazer o seu próprio blog e escrevê-los lá. Ou seja: o protesto é publicado à mesma, quer o blog-alvo queira quer não queira. É assim que aqui funciona – muito bem, por sinal - o direito de resposta. Capicce?

É isso, portanto, que te sugiro, meu caro «Oscar»: cria um blog e escreve lá os teus desabafos. Eu até já vi um que se apresenta como sendo teu. Mas, à cautela, não digo onde está, para que não me possas acusar de novo de alinhar em operações «canalhas» e «anónimas» de destruição de carácter.

Um abraço do JPH
# posted by JPH @ 14:54
Janeiro 25, 2004

Em contra-resposta Oscar Mascarenhas respondeu:
Peço desculpa por te ter escrito. Não voltará a acontecer.
Mas ainda mais desculpas peço a mim próprio por te ter escrito. Afinal, devia ter percebido que não desceste muito baixo: apenas não conseguiste subir à altura dos homens.
Passa bem.
Oscar Mascarenhas



quinta-feira, janeiro 29, 2004

Outra Condição. Sucessivos ministros têm caído empurrados pelas sucessivas confusões em que se metem, outros não. O pior Governo da nossa tão mal-tratada democracia faz que tem sentido de Estado, mas não tem. Tem panache, pose e mediocridades. Tal como de outros, podia falar aqui da ministra da Justiça, Celeste Cardona, e da decisão do seu Ministério em guardar nos cofres os descontos para a Segurança Social de 600 funcionários eventuais. Não o vou fazer. Como se dizia há muitos anos numa canção do Fausto: «Eu sou d'outra condição!»
O Sorriso de Fehér. Ferreira Fernandes escreve dos mais bonitos textos de bola que conheço. Leia-se «...é tão injusta a morte», na Focus de 28 de Janeiro de 2004. Em tempos de jornalismo de sarjeta, como vincou a jornalista Diana Andringa, é incontornável a referência ao realizador da TV Sport que perante a queda mortal de Fehér tirou todas as câmaras da cara do jogador do Benfica. Ricardo Espiríto Santo é o nome do Homem.

quarta-feira, janeiro 14, 2004

Dizia Eduardo Guerra Carneiro que «isto anda tudo ligado». Parece que sim. Agora que o primeiro-ministro Durão Barroso volta a apelar ao pacto social, apetece mesmo ir buscar um conservador do século XIX para lhe responder. Vantagens de saber ler e de ter memória. É que há certas coisas que não trazem novidade alguma.

Tem a palavra o senhor Camilo Castelo Branco:

«Ao homem desamparado não se lhe podem pedir contas do pacto social, porque a sociedade não quis aliança com ele quando o desamparou. Ao homem do trabalho, que subsiste do seu salário, se lhe tiram a enxada da mão, concedem-lhe o direito tácito de se revoltar contra alguém que o alimente.»

Em «Política Interna», texto publicado em 1855, que precede a edição da «Vida do José do Telhado», editado pela «frenesi» em 2003.



sexta-feira, dezembro 19, 2003

Bengala Branca. Para o Conselho de Redacção do «Diário de Notícias». Depois de ter chumbado a ida de Fernando Lima para o cargo de director do jornal, por ter vindo directamente do cargo de assessor do ministro dos Negócios Estrangeiros, Martins da Cruz, aprovou um voto de louvor a Ribeiro Ferreira. Mais valia que estivessem quietos. Lima é um jornalista sem mácula. O mesmo talvez não se possa dizer do ex-adjunto de Bettencourt Resendes.
Nariz Vermelho. Para José Manuel Fernandes, director do «Público». Entre outras coisas, por ter afirmado que a participação de Francisco louçã numa manifestação contra o pagamento de propinas era uma «palhaçada». Nesta guerra, a inteligência parece ter sido a primeira vítima.
Bengala Branca. Para quem votou na sondagem publicada pela Câmara de Lisboa dedicada ao mandato de Pedro Santana Lopes. Então não é que dizem que está a fazer um bom lugar, e que é melhor que o antecessor? Só visto. Contado ninguém acreditava.
Nariz Vermelho. Para António Ribeiro Ferreira, ex-director adjunto do «Diário de Notícias». Pelos seus editoriais, pela colagem sem pudor às posições do Governo de Durão Barroso e Paulo Portas, por se ter tornado uma correia de transmissão do ministro da Defesa -será por a chefe de Gabinete do CDS-PP na Assembleia da República se chamar Mariana Ribeiro Ferreira?- e pelas crónicas do Iraque.
Prémios I. Os primeiros Nariz Vermelho e Bengala Branca são entregues com algum atraso. Afinal, desde que esta ideia surgiu houve muitos que se destacaram. Mas só alguns são os eleitos.

terça-feira, dezembro 02, 2003

Prémios. Os prémios permitem a homenagem pública daqueles que se distinguem em determinado campo de actuação. Em velocidade de cruzeiro serão dois, espera-se que diários: o «Nariz Vermelho» e a «Bengala Branca».

O primeiro destina-se ao que, pelo nível da asneira cometida, se torne digno de nota. Como é da praxe, ressalva-se o respeito que se tem pela nobre arte dos palhaços de circo.

O segundo, e assume-se o mau gosto, vai para o que revele inultrapassável cegueira. O pior cego é o que não quer ver.

sábado, novembro 22, 2003

«A Razão Mesmo Vencida não Deixa de Ser Razão», António Aleixo

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